Ode to my sister

Lembro-me de estares na barriga da mãe.

Lembro-me de chatear os nossos pais porque queria muito uma mana. Só não pensei que viesse uma menina tão reguila como eras.
Quando fomos por a mãe ao hospital, para que nascesses, o pai levou- me a dar uma volta, a um Centro Comercial que já não existe, e deixou- me escolher uma revista cara para levar à mãe, quando a fomos entregar, já tinhas nascido
A mãe mal te viu,  o médico ficou encantado com a tua beleza e andou a mostrar- te a toda a gente ( cá para mim trocaram-te). 
Nessa noite, o pai foi só meu. Eu tinha 7 anos e estava tão feliz e entusiasmada, eu e o pai.
 Dormi agarrada a ele. Incrível. Era tão feliz.
Nessa altura, moravamos numa casa tão grande que o pai tinha um quarto só para as artes dele, eu tinha um quarto só para os meus brinquedos, e ainda alugavamos um quarto a estudantes. 
Tinhamo-nos acabado de mudar, quando nasceste.
Em bebé eras tão amorosa. Eu tinha imenso orgulho em ti. Tão bonita, de olhos claros.Um choro de princesa, mal se ouvia. 
Lembro- me do teu primeiro aniversário. Os pais encheram a casa com filhos de amigos e tinhamos tantos, mas tantos doces!
O pai dizia que eu tinha vindo de outro planeta, e eu dizia chateada que tu tinhas sido encontrada ao pé do contentor do lixo.
Quando eu fui operada aos 8 anos, no Hospital de São José, a mãe ouviu- me gritar e deixou- te aos cuidados de uma estranha na tua alcofa( sempre brincamos contigo que a senhora te trocou por um bebe qualquer). Acho que só depois se apercebeu do que tinha feito. Deixar uma recém-nascida com uma estranha.
Eramos os quatro tão ingénuos. Os pais eram tão novos. Sem maldade. E nós o seu reflexo.

A partir daí, as coisas começaram a complicar. O pai adoeceu, e creio mesmo que não o recordes com saúde.
Quando por fim descansou tinhas apenas oito anos.
Não merecias. Mas , mereciamos viver sem adormecer ao som dos seus gemidos de dor e sofrimento.
Separamo-nos. Eu e tu. 
Nessa altura já eras muito mandona e chata!
Cresceste e correste o Mundo. Encontraste um dos melhores homens que conhecemos, e deste- me o Mateus, o meu único sobrinho.
E eu, quero que saibas hoje, e sempre, que nunca te esqueci. Que serás sempre a irmã que tanto desejei. 
Que me orgulho, de apesar de termos crescido separadas, dos teus princípios, que sejas justa, sensível e compreensiva. Um bom ser humano.
Sabes como são raros os bons seres humanos? 
São raros. Os puros de sentimentos. Altruistas. 
Gostava que a nossa história tivesse tido mais sorrisos, mas tivemos que passar momentos de angústia e tristeza juntas. 
Sabes que, quando era pequena, só tinha uma certeza, após o teu nascimento.
 Duvidei do meu amor por todos.Especialmente após  o pai adoecer, quando as atenções fugiram de nós.Mas nunca do que sentia por ti. Eras a minha protegida, e eu a mana mais velha.
Quero que saibas que vou sempre gostar de ti. Muito.
E que tenho orgulho na mulher que te tornaste, na mãe atenta. E que vibro com cada aventura tua, cada viagem, como se fosse comigo.
Espero que possas percorrer o Mundo inteiro, e que me contes tudo. Vou estar sempre aqui para ti.


Parabéns Rita Alexandra. 
34 anos, e uma vida toda pela frente.




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Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

1 comentários

  1. Oh! Que texto tão lindo. Também sou irmã mais velha e sei perfeitamente esse sentimento. Muitos parabéns à mana.
    Um beijinho grande*
    Vinte e Muitos

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