Como Sobreviver a uma Perda

Alguns de nós, experienciam a perda de entes queridos cedo demais.
 Foi o meu caso. Tinha 9 anos quando soube que o meu pai tinha uma doença incurável e que não seria longa a sua vida.

Mas, acreditem que por mais que nos avisem, o choque vai sempre existir, e consequentemente a dor alucinante da perda e o  sentimento caracteristico, o fim de alguém que era afinal mortal.

Desde pequena perdi tios, melhor amiga, pai, vários amigos, e ultimamente a pessoa que era para mim o significado da vida. Que era mais que um avô, e pai e melhor amigo. Um dos Amores da minha vida.
Não existem duas mortes que nos doam na mesma proporção. Seria de esperar que, tendo o meu avô 89 anos eu estivesse minimamente preparada para a sua partida.

Não estava. Nada. Há um hiato gigante que separa saber que a morte de alguem que amamos está perto, e a sua perda efetiva.
Enfim, descansou, agora já não sofre, teve uma vida bonita” é a merda!
 O que paira sobre o nosso coração é a noção que jamais veremos a pessoa de novo, o brilho dos seus olhos  a sua gargalhada. 
Nem quero falar nos rituais fúnebres que são horríveis.

Meses após a morte do meu avô paterno, perdi a minha avó materna, que sempre foi um doce para mim. Acreditem ou não ainda estava dormente com a morte do meu avô.
Depois uma grande amiga perdeu o pai, uma daquelas amigas que estão lá sempre, quando precisamos. E eu, adoeci, porque sabia que ia reviver na íntegra, cada passo da despedida do meu avô. Fui, claro. 
Nesta altura, passados oito meses desde que o meu Sol morreu, já não choro cada vez que “tropeço “ numa fotografia sua.
Recordo-o todos os dias, e aprendi uma das maiores lições da minha vida.

A morte não mata o Amor. Não consigo dizer que o amava. Eu amo-o e vou sempre amar.
E ele vive em mim. E a tristeza que sentia e me consumia, tornou-se em gratidão. Sinto-o comigo. Não sinto que tenha partido verdadeiramente. 
Chorei muito. Talvez mais que pensei um dia ser possível.

Os seres humanos têm algo peculiar, aproveitam a fragilidade dos seus próximos e, é nesses momentos que decidem atacar , tentar enfraquecer.
Eu acho-os uns perfeitos idiotas. Foram cócegas, perante a dor que sentia. Aproveitaram-se da exposição que tenho devido às minhas redes sociais e ameaçaram, falaram, enfim, senti-me o centro da vida dessas pessoas(não preciso, sabem?), embora só quisesse chorar o meu avô condignamente.
Pessoas ridiculas, frustradas e inconvenientes vão sempre existir. A culpa é quase sempre nossa que temos pena , porque são eternas vitimas e como nos fazem sentir pena, abrirmos as portas das nossas vidas.

Aprendi que não posso estar em todo lado, nem mostrar as minhas fragilidades para agradecer a confiança ou admiração que alguém  sente por mim.

Percebo que há 8 meses deixei de ter fragilidades. Perdi medos. E que se antes achava que um par de estalos e um texto público a chamar os nomes aos bois resolviam tudo, hoje sei que não há nada melhor que esquecer. O nosso cérebro, ou pelo menos o meu , é otimo a esquecer . Chego a ter noção que não me dou com certas pessoas e a não fazer ideia da razão.
Nem preciso. Só quero paz.
 Que sejam perdoados todos os que me magoaram. Mas que se mantenham na puta que os pariu.

Sobreviver a uma perda é reaprender tudo.
É tentar viver sem uma peça fundamental nas nossas vidas , em que apenas as memórias nos mantém vivos. Saber que fizemos tudo humanamente possivel. Que a pessoa partiu a saber que era muito amada. 
De vez em quando, encontro postais trocados entre mim e o meu avô que são autênticas declarações de Amor.
 E descanso. Porque sei que não foi em vão.
O Amor sobrevive à morte. E isso é bilateral. Sente-se. No ar, na Natureza e nas memórias.
Fica gravado na Terra. E é tudo o que precisas para continuar . O Amor que nunca morre..

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Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

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