Dos dias longos

Ultimamente, tenho tido alguns sustos, problemas de saúde que não matam, mas moem.

Tenho feito exames daqueles que deixam os médicos mais impacientes que eu, e, estou cada vez mais convicta que estas pequenas doenças não são fruto do passar dos anos, mas do stress tremendo que é a minha vida.
Erro , em primeiro lugar em priorizar todos os que me rodeiam. Esqueço -me com frequência, que precisam de mim cheia de saúde, e não constantemente a correr para as urgências para remediar aquilo que não cuidei.
O estado de saúde público no nosso país, pelo menos nas pequenas cidades é deplorável. Não há especialistas, tem que se fazer uma média de 50 km para ir para um hospital central . Por exemplo, Torres Vedras , distrito de Lisboa, faz parte do Centro Hospitalar de Caldas da Rainha, distrito de Leiria. Eu admiro quem trabalha nestes hospitais, de recursos limitados, com orçamentos que os  impedem fazer certos procedimentos, que recebem quantidades de doentes muito acima da sua capacidade. Mas, não consigo confiar. Tenho noção que já foram incrivelmente melhores que agora. 
Custa-me ir ao privado cada vez que preciso. Infelizmente têm sido vezes demais. 
Custa -me principalmente a nível financeiro.
Mas, esta semana em dois episodios diferentes de urgência , pude fazer ecografias, tacs, análises, que no público seriam encaminhados para o médico de família. Porque a menos que exista risco de saúde, não são feitos. Portanto podes estar em perigo eminente de ficar cega, podes ter tumores malignos, mas a menos que o mal de que padeces seja visível por leigos, “tem que ir a sua médica de familia e ela encaminha-o para um especialista”.
Hoje acordei quase sem ver do olho direito. Entrei em pânico. Contactei algumas amigas da area que me disseram para insistir para que o privado me desse uma solução. Deixar de ver de um momento para o outro ,e só ter consulta, ainda que no privado daqui a duas semanas era incomportável, especialmente para o meu sistema nervoso.
Entrei nas urgências da Cuf de Torres Vedras, fui encaminhada para uma medica oftalmologista que me fez todos os exames e mais algum, viu num aparelho que eu não tenho ideia do nome, que se tratava de um descolamento vítreo, que é a camada gelatinosa que protege a nossa retina, e no fim mandou fazer uma TAC para se assegurar que o problema não tinha outro tipo de origem.
Isto é o que esperamos de quando nos dirigimos a um hospital em episódios de urgência. Que nos encaminhem para especialistas , que façam todo o tipo de exames que possam diagnosticar o que temos e, que descarte qualquer dúvida de ser algo pior. E que ainda que seja, nos deem seguimento, e não nos façam sentir que andamos para trás mandando ir ao médico de familia .
Obviamente que existem as falsas urgências. Nas horas que aguardo , nos hospitais deparo-me com cenas, que sinceramente me fazem acreditar que há quem vá ao cinema, quem faça uma viagem e quem goste de ir a hospitais e leve primos e tios, noras, esposas porque espirrou.
Ou porque foi picado por um bicho e tem uma borbulhita no dedo ou uma dor de dentes .

E pronto. Vou cuidar de mim e já volto. 

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Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

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