“O Desaparecimento de Madeleine McCann”

Estamos preparados para a morte dos nossos ascendentes, por muito que nos custe, sabemos que, todos morreremos um dia.

 Não sabemos a nossa data de validade, nem a dos que mais amamos. Mas nunca, em tempo algum, estaremos preparados para desconhecer o paradeiro das crianças, as nossas, e as dos outros.
A verdade é que é um assunto que preferimos nem falar. 
Crianças desaparecidas, redes de pedófilos. Somos capazes até de por em causa a sanidade de quem dedica a vida a lutar contra esse mal e tem que se embrenhar a fundo na deep web, em sites com imagens que nem pretendo tentar imaginar, por serem para mim, que sou apaixonada por crianças, doloroso e traumatizante.
Esta nossa incapacidade de conseguir assimilar que as redes de pornografia existem, assim como existem detentores de crianças para o abuso sexual  é uma entrave na luta  contra este  cancro da nossa sociedade. 
Temos que acordar para a vida!
 Doi, custa, fechamos os olhos para não sermos magoados nem termos qualquer pensamento incomodativo ou nos colocarmos no lugar dos pais destas crianças ( os inocentes, porque infelizmente existem muitas crianças exploradas pelos progenitores) esquecendo que se nós podemos fechar os olhos à realidade, as crianças reféns desses monstros não o podem fazer.
 Se nos sentimos traumatizados de apenas pensar, uma criança de 2 ou 3 anos, carregará uma dor emocional e psicológica crónica e, em muitos casos pode tornar- se também ela agressora.

Custa- me. Custa- me horrores a forma cobarde e egoísta como a maior parte das pessoas tem de lidar com isto ( eu incluída).
É perturbador ter esta realidade presente, mas não menos perturbador é saber que existem inocentes a sofrer disso e  estar rodeado de uma sociedade negligente e inerte . Evitar este tema ( tabu) que é a  pedofília permite que  estes casos continuem a acontecer em silêncio, enquanto enterramos a cabeça e fingimos que este flagelo não se passa no planeta Terra.
As penas por abuso sexual de menores são anedóticas. Há quem leve 1 ano, quem leve 6, e, acabam por sair com dois terços da pena cumprida.
Perdoem o desabafo mas, antes de iniciar o assunto que vos trago hoje, tinha que escrever isto.
Pedir- vos que se preocupem. Que não finjam que não existe. Que não se manifestem apenas quando estes casos forem tornados públicos num qualquer post do Correio da Manhã
Tal como na violência doméstica, também aqui temos muita culpa, porque não damos a relevância que este tema sensível exige. 
Enquanto houver uma criança a sofrer abusos, vale a pena falar, manifestarmo- nos contra, mostrar repúdio e interesse em que existam penas mais severas para este tipo de crimes. 

O Desaparecimento de Madeleine Mc Cann


Tal como a maioria de vós, tive até hoje uma certeza absoluta de que os pais, Kate e Jerry tinham sido os culpados pela morte de Madeleine
Até que hoje, ao entrar na Netflix me deparo com um documentário dividido em episódios que mostra relatos de todos os intervenientes do caso, e me apercebo que muito provavelmente foram mais vozes que nozes.
Ao contrário do documentário sobre os alegados abusos de Michael Jackson, que achei fraco e  mal fundamentado, este traz- nos factos que o grande público desconhecia. 
Em que se baseou a polícia para acusar o casal? E Robert Murat? 
Não quero privar- vos de verem esta série dando- vos spoiler, mas aconselho  a ver. 
A série não se limita a falar na Maddie. Fala de Rui Pedro e na falta de recursos com que o seu caso foi tratado, na forma de agir da Polícia Judiciária em relação não só ao caso de Maddie como ao de Joana Cipriano,  pondo em dúvida a idoneidade desta instituição. 
Vi todos os episódios e o desespero é algo crescente. A dúvida que instala dentro de nós. Mostra- nos a fragilidade deste país e no fundo, embora que metaforicamente descreve-o  como um paraíso para pedófilos, assassinos, e o crime no geral.
Depois de ver isto, sinto- me chocada, seriamente desiludida com toda a informação que tinhamos como certa. Depois de ouvir os intervenientes neste caso, dou conta do circo mediático que foi feito à volta dele, e tenho cada vez mais a certeza que a teoria de que o sigilo a que a nossa polícia e justiça usa enquanto tenta desvendar os acontecimentos, agravou mais que solucionou o que quer que fosse.
Madeleine desapareceu em 2007. 
Mas não foi apenas Maddie que desapareceu... 


A série chama- se 
O desaparecimento de Madeleine Mc Cann “ e podes vê-la na Netflix.



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Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

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