Marta Veloso

Podia dizer que pensei muito sobre se devia ou não escrever sobre o assunto, mas a verdade é que cada vez existem mais influencers, bloggers, enfim, quem tente ter futuro profissional no mundo digital , seja parcial ou a tempo inteiro , com a ajuda das suas redes sociais então parece- me fazer todo o sentido esta publicação.

Há poucos anos , ser blogger ou youtuber requeria imenso trabalho (e ainda requer).

No entanto parecíamos vir todos cá parar por paixão sem pretender qualquer tipo de compensação.

Tentar ter o melhor conteúdo possível, estar sempre à frente dos acontecimentos, independentemente de ir ou não aos eventos ( confesso que fui a muitos mas não é a minha parte favorita) era estimulante, assim como analisar as estatísticas , os nossos números e tentar melhorar e ter mais a oferecer a cada dia.

Sempre existiram pessoas que do dia para a noite decidiam fazer um blogue na tentativa de ganhar produtos grátis.

A grande maioria desistiu ao fim dos primeiros meses porque não pensou que não basta existir. Temos que oferecer alguma diferença no nosso conteúdo.

Não precisas demonstrar ser a pessoa com o QI mais alto, mas deves ser original para marcar a diferença, e acima de tudo ter paciência porque sempre que visitarem o teu blogue vão ver o teu histórico e se tiveres começado há dois meses, por mais promissor que seja o teu trabalho poderás ter que ter mais conteúdo, antes que uma marca ou agência decida confiar a ti o seu produto.

Felizmente nem todos os blogues lidam com patrocínios ou goodies, na área em que escrevo é comum acontecer, uma vez que falamos de produtos, é incomportável comprar tudo e existem marcas que pretendem que os seus produtos sejam destacados .

É possível que te apercebas de situações que não entendes de todo.

Acontece sempre encontrares no teu nicho alguém com números muito inferiores aos teus, seja em número de seguidores, interação, visitas, que tem as marcas a seus pés dando a parecer que são as marcas que os promovem e não o contrário.

O segredo é tentar ser o mais alheio possível ao que se passa ao lado.

Sou daquelas pessoas que não procura saber este tipo de situação. Óbvio que quando sei me questiono .

Nós não vivemos de cremes,perfumes nem de maquilhagem pelo que são só produtos, no entanto são indispensáveis para que possamos fazer o nosso trabalho dando a opinião a quem nos segue. Ainda assim, há que pensar que se temos boas estatísticas e determinada marca não nos dá atenção, não somos nós quem perde... podemos sempre comprar os produtos.

Em seis anos de blogue já recebi propostas incríveis.

Se existem marcas e agências que paguem para que faças um post ou te enviem os produtos para experimentar, querendo que de alguma forma promovas os seus serviços ou produtos, existem outras situações no mínimo caricatas .

Aceitar produtos das marcas nem sempre implica que falemos deles.

É uma opção nossa e a maior parte das vezes acabamos eventualmente por referi-los e mostrá-los.

Passo a relatar algumas das situações bizarras mais comuns:

- Pedidos de parceria em que a contrapartida são amostras dos produtos. Oferecem amostras para review...AMOSTRAS!

-Pedidos de parceria por parte de lojas em que a contrapartida são descontos em compras nos próprios sites ( com exigências “damos-te 20% de desconto na nossa loja se fizeres 3 posts no blogue, colocares duas fotos no instagram etc”)

- Exigências de posts em troca de um produto

(o mais barato possível) e sequer to enviam

- Propostas de parceria e consequente desaparecimento do mapa

-Marcas que propõem passatempos e na altura de premiar o vencedor desaparecem

-Propostas de parceria em que te dão um desconto de 50% nos serviços que prestam sendo o valor que terás de pagar o dobro do que pagarias em qualquer sítio sem parceria, em troca que os divulgues muito( esta é recente e deixou- me perplexa)

Estes são alguns dos casos mais comuns.

Neste momento em que tantos blogues perderam uma percentagem enorme das suas visualizações acabamos por usar as restantes redes sociais.

Vamos dançando conforme a música.

Neste momento em que o facebook já não é utilizado por tanta gente tenho uma das minhas páginas prestes a atingir os cem mil seguidores com uma taxa de alcance na ordem dos dois milhões e trezentos mil e interação de dois milhões.

Num país pequeno como o nosso, garanto que qualquer tipo de referência a produto que lá coloque ganha um destaque gigante.

Para além disso diverte- me a interação no Facebook.

Os grupos também ajudam na promoção do nosso trabalho e divulgação, e foi das melhores coisas que fiz há cerca de 5 anos quando decidi criar varias páginas e grupos para os fazer crescer e posteriormente usar para divulgar o meu trabalho. Na altura fui muito mal falada , chamada de maluquinha, para que queria eu tanto grupo e página ?

Tento ver as coisas a longo prazo. Nunca pensámos ver o alcance do facebook reduzido a pó, e mesmo tendo acontecido, algumas páginas conseguiram manter o sucesso.

Para os influencers de instagram também não é tão fácil como aparenta ser.

Há todo um cuidado nas fotografias, textos que as acompanham, interação com seguidores, respostas a mensagens, criação de stories... como disse anteriormente, a menos que tenhamos uma carreira no cinema, na música, ou na moda, não basta existir.

Existe muito trabalho envolvido.

Existem também felizmente grandes e pequenas marcas que entendem o nosso trabalho, assim como agências. O trabalho, a persistência e o perfeccionismo são palavras chave para quem pretende ter esta atividade.

No print abaixo podes ver que os números que referi.

Quem me segue há algum tempo sabe como consigo causar polémica e buzz.

Pode não parecer muito positivo, quando se tem a colaboração de grandes marcas que evitam estar ligadas a pessoas que despertam várias reações no publico. Uns amam, outros odeiam.

Quando temos a genuinidade de dizer o que pensamos, somos, na maior parte das vezes postos de parte, vistos como alguem que não se adapta a uma sociedade que tem já os parametros definidos.

O melhor que podemos fazer é não permitir que o que não nos ajuda, também não nos anule.

Nesta área, que a maioria das pessoas vê como um capricho, esquecendo a influência que temos sob os nossos seguidores, somos tantas vezes vistas como meninas mimadas. Dondocas que recebem produtos e dinheiro , sem qualquer mérito, apenas porque dedicam alguma da sua disponibilidade às redes sociais e a eventos.

Chega a uma determinada altura que, somos vistas como marcas, muito mais do que como pessoas que escrevem por paixão, sobre aquilo que gostam, sejam os chocolates do Lidl, as aventuras familiares, ou a nova coleção de Batons Dior.

Quero crer que a maioria das bloggers acreditam no que escrevem, e que o fazem livremente .

Criar um blogue só porque se recebem umas coisas giras ,se formos bem sucedidos não é caminho. Até porque, não basta ter um blogue. Ultimamente , existem instabloggers. Acho meio estranha a definição. A menos que a pessoa já seja uma figura publica, porque se trata de uma atriz, etc etc, a imagem conta muito mas, é nas palavras, ditas ou escritas que o carisma salta à vista.

Há toda uma postura, que eu nem sempre tenho, sou demasiado plebeia para me preocupar com todos os detalhes de uma foto.

Quem escreve para um público vasto e contabiliza muitos milhares de seguidores, também tem vida cá fora. E obstáculos, prioridades,oportunidades.

Cada vez que sou contactada por marcas, agências e tudo mais, sinto- me grata. Embora nem sempre consiga ir a todos os eventos, ou comprometer- me com todas as marcas. Gosto de poder retribuir o carinho e reconhecimento, e, nem sempre consigo.

Considero-me no direito de falar apenas naquilo que faz sentido para mim . Tanto pode ser um perfume fantástico, como um iogurte, uma mala, roupas, acessorios , batons, cremes!

Mas às vezes a vida é devastadora. Acontece tudo ao mesmo tempo.

E é nessas alturas que eu preciso de me rodear daquilo que tanta gente considera “ fútil”.

Os iluminadores e paletas de sombras, as malas novas, os séruns fantasticos que, com uma amiga farmacêutica tento perceber a composição , para que serve cada componente, o que torna aquele produto diferente dos outros.

A possibilidade de existirem cremes que realmente atenuem rugas, o poder das células estaminais que prometem reverter o processo de envelhecimento cutâneo, os super alimentos, suplementos...

Tudo isto me fascina. Distrai. As vezes tenho que me relembrar que é trabalho. E, mais uma vez, me sinto grata pela oportunidade

diária que tenho de me poder expressar perante um público tão vasto.

Se me perguntarem se faço o que amo, a resposta é positiva. Nem sempre consigo fazer tudo aquilo que quero. Existe todo um Mundo( privado) cá fora que precisa de mim. Os dias deveriam ter 48 horas e o nosso organismo podia ter mais resistência.

Sou uma pessoa com muita sorte. Tenho essa noção. Trabalho muito, para poder ter essa “sorte”.

Dou-me.

Mas , mesmo quando as coisas não correm da melhor forma, eu sinto-me privilegiada.

Viver é ter a possibilidade de concretizar os nossos sonhos, e até aquilo que não nos atrevemos a sonhar, tantas vezes acontece. Há quem lhes chame milagres. Eu penso que o universo nos retribui aquilo que “ projetamos”.

Por piores que pareçam alguns dias, se respirarmos, tivermos comida, uma casa e pessoas que nos amem, por maior que seja a nossa luta pela felicidade , seremos sempre vencedores.

E, de repente, estala a "bolha".
Depois de uma reportagem na Sic, sobre bloggers que ganham dinheiro com os seus blogues, a confusão instala-se na web.
A critica massiva recai na atriz que decide tambem ter um blogue com o seu nome, e assume publicamente ter uma equipa a qual paga para fotografar, programar, redigir textos e maquilha-la.
Embora na minha opinião, eu que sempre fiz tudo sozinha, tenha algumas dificuldades em reconhecer como blogger alguem que dê apenas nome e corpo a um blogue, a verdade é que não tenho nada a ver com isso.
Centremo-nos nisto " blame the game, not the player".
A Vanessa Martins assume a sua forma de agir no blogue. Não se identifica com nenhum blogue português. Ninguem pode obriga-la a isso.
São as marcas que a contratam e lhe pagam. Portanto, de que vale a revolta da restante blogosfera?
Ela decidiu fazer do blogue uma fonte de rendimento, não duvidem , mesmo quem "bloga por amor" que todas nós se pudessemos aceitariamos de bom grado ser pagas apenas e só pela nossa dedicação ao blogue.
Se escreve ou não, ( e quanto a mim é o unico ponto que me desconcerta ), é com ela, admitiu-o, podia dizer que o faz, como outras figuras publicas , mas, decidiu não ser hipocrita.

A atitude do "Comunicador" perante as criticas à reportagem, essas sim, deixaram-me espantada. Chamar bloggers de "invejosas" e dizer que "qualquer ranhoso cria um blogue", não me parece correcto para alguem que comunique diáriamente com tantos milhares de pessoas, e questiono até se a SIC não estará a dar protagonismo também a qualquer individuo. Nós, bloggers sem qualquer vontade de ascensão mediática, escrevemos bem ou mal por amor. Às palavras, às pessoas, e, tentamos respeitar todos. Jamais lhe pagariamos na mesma moeda. Ainda que a nossa opinião por tal "Comunicador" não seja a melhor do Mundo.
Nem sempre as criticas derivam da inveja. Por vezes são simples constatação do ridiculo e absurdo.
Aliás, o "Comunicador" , até podia ter um carro cedido por uma marca. Poder podia... mas não era a mesma coisa ...