A conversa começou ontem, depois dela me "informar" que tinha saido da relação, que eu considerava a mais perfeita que existia no Mundo.
Perguntou - me se não tinha desconfiado que tinham acabado, até porque o término não era recente, mas, a verdade é que como em tudo, acabo por
me sentir " a corna", pois sou sempre a última a saber.
Não gosta que a sua vida seja palco, mas, tal como todos nós, acaba por amadurecer as ideias e, eventualmente procura-me.
E não. Ela e ele sempre foram daqueles casais perfeitos que não conseguimos sequer imaginar a discutir.
Tinham, pelo menos aparentemente o relacionamento com o qual todos sonhamos na vida. Eram os melhores amigos, tinham uma cumplicidade fora do comum, mesmo para casal.
Recordo que só soubemos do seu relacionamento muito depois dele existir, acho até que só soube quando estava já grávida e, perante a minha dúvida, se eram ou não namorados me responde que nunca tinha dito a ninguém porque eram muito mais que isso.
E assim foi, durante o tempo em que estiveram juntos.
" Mas nem desconfiaste que estavamos separados?" - atirou.
Não. Sou uma romântica e achei que era amor para a vida toda. E ainda acredito que seja.
Disse-lhe então que ela era o homem da relação, assim como acho que o meu casamento não resultou porque tanto eu como ele disputavamos um lugar dominador no casamento e nenhum cedeu.
No caso dela, ela era o "dominador" e aqui é muito engraçado porque é algo que facilmente me aconteceria.
Queremos ser nós a ditar as regras, a apontar caminhos, mas se encontramos quem nos permita e seja submisso, acabamos por nos desinteressar porque não nos dá luta, não nos desafia, e, no amor como no resto somos predadores que buscam presas. Em vez de procurar quem nos acompanhe na caça, procuramos quem se ajoelhe perante a nossa vontade, e quando o faz, passamos à "próxima vítima", precisamos novamente de sentir o cheiro a carne, de ver o olhar de medo, que é como quem diz, de seduzir e conquistar.
Isto é factual, empírico, independentemente das vossas opiniões. Não vale a pena dizer que os homens não são assim, ou que as mulheres são umas cabras, todos são assim, apenas aqui descrevo uma situação específica.
Posso dizer - vos que até que este nosso lado animal deixe de ser tão pronunciado, é preciso deixar de priorizar tanto os relacionamentos. Mas isso também significa " amar menos". E eu não sei se ela saberá amar menos, tal como eu não sei.
Se tudo isto pode ser revertido? Pode. Quando houver a consciência que até o Amor precisa de pausas, e que por vezes temos que nos separar para mais à frente nos reencontrarmos.
Acredito que só a maturidade nos traz sabedoria, por isso acredito mais nos amores de quem já se perdeu e encontrou várias vezes, porque saberá pelo menos o que não pretende na vida.
Não tem mal ser " o homem" da relação. Só há que ter em conta que nos acabamos por entediar (perdoem a rudeza).
Mas culpa não é só do dominador, mas do submisso que ao "rosnar" no relacionamento pode fazer toda a diferença, jogando com o poder que só ele tem de tirar o tapete de vez em quando ao dominador.
Vão dizer-me que não pretendem jogos. Que querem um amor tranquilo. E eu dir-vos-ei que a ser tranquilo, perderá o seu melhor ingrediente.