Até Março deste ano fomos livres. Tinhamos o Mundo nas nossas mãos e não o sabíamos.
Agora, as nossas vidas são pautadas por gráficos, estatísticas, fomos descaracterizados e obrigados a usar máscara de proteção dentro dos estabelecimentos e fora deles. Os nossos idosos estão cada vez mais sós, os funerais deixaram de ser homenagem póstuma pública para serem restritos a meia dúzia de familiares.
Temos medo. Um medo que não abrange todos. Há quem continue a viver como se as nossas crianças não vivessem uma não - infância, que não possam rebolar na relva, partilhar o lanche com os colegas ou tão somente pedir uma caneta emprestada. Não podem haver ajuntamentos de mais de 5 pessoas mas podem haver 30 alunos fechados dentro de uma sala de aula.
Dizem-nos que se tiverem que escolher quem vive, entre um doente crónico e um Covid positivo sem qualquer problema de saúde, optam por salvar aquele que parece reunir capacidade de viver mais tempo.
Não se pode ir à rua. A menos que seja para passear o cão ou para fazer compras. Tenho consciência que não havia governo algum preparado para esta pandemia, que existem muitos decretos leis para suportar cada alarvidade que é vista neste país.
Vejamos o caso dos trabalhadores independentes. Irão ter acesso a um apoio de 438 euros mês ficando obrigados a pagar durante 30 meses 65 euros à segurança social ou 18 meses caso já tivessem colectados há pelo menos 12 meses. Não se devia chamar apoio mas empréstimo. Empréstimo esse de verbas destinadas a esse fim, sem qualquer intenção de serem repostas, mas, como se costuma dizer ninguém dá nada a ninguém e nós portugueses já deviamos saber bem disso. Apoio esse que 4 meses depois ainda não foi pago,mas o português está habituado a viver à mingua.
Tenho alguma dificuldade em agir de forma despreocupada como antes, e limitar - me a mostrar cremes e maquilhagem e honestamente aflige - me quem o faz. Lembra-me os músicos do titanic que tocavam enquanto o navio afundava.
Não sei o que nos espera, sei que nesta loucura toda temos que procurar alguma normalidade. Algo que nos impeça de enlouquecer. Temos os hospitais saturados de doentes e incapacitados de receber doentes com outras patologias.
Sinto-me num filme assusttador, sem saber as consequências futuras de tudo isto, já que as atuais são bastante inquietantes.
Apetece-me fugir. Mas para onde se isto é global?
Tinhamos uma liberdade que não reconheciamos, o Mundo nas nossas mãos, e agora temos a Terra de "pernas para o ar" sem data prevista para voltar ao que era. Éramos felizes e não sabiamos.