Já todos sabemos que haja o que houver, desde que venha a publico haverão sempre juizes da internet à espera para descredibilizar até a vitima mais inocente. Nunca percebi porquê.
Recordo-me de seguir algumas das figuras públicas com mais seguidores em Portugal e quase metade dos comentários são maldosos, independentemente da beleza, riqueza, há sempre forma de criticar até o que não tem como ser criticado.
A maior parte das vezes é uma questão pessoal, não gostam da pessoa, porque esta lhes mostra um tipo de vida que não podem ter ou porque acabou de ser mãe e já tem um corpo de meter inveja.
Outras vezes, as pessoas comentam por uma maldade seletiva. Porque a pessoa está a por em causa alguém a quem são subservientes, a quem fazem vénias, e tudo o que se fizer será criticável.
Em todo este processo, e eu já escrevi algures, que desde que me tornei blogger há oito anos não me faltaram os convites para ir a programas de grande audiência, pelos mais variados temas referentes ao mundo digital, à area da beleza e eu nunca aceitei.
Sei que as bloggers na sua maioria adoram ir à tv. Tenho imensas amigas bloggers que vão e veem isso como uma forma de serem mais faladas, de tentar ir com os projetos mais longe.
Quando o meu filho me aparece em casa com a tal dor no braço e se iniciam as idas aos hospitais, ficamos internados e tudo mais a minha única preocupação era a vida do meu filho e quem trataria da minha avó e filho mais velho.
Ultrapassado esse problema foquei focada apenas no meu mais novo, descansada que todos os dias o pai do menino iria levar almoço e jantaria com a minha avó e o Henrique.
Quando o Luís Santiago me conta finalmente e depois de muita insistência dos médicos que tinha sido mandado ao chão e pontapeado pelos colegas, senti uma tristeza por imaginar o seu sofrimento que até aquele momento guardara uma verdade que tanto o magoava. Alguém que ele pensava ser amigo atacou-o com outros selvaticamente.
Depois apercebo-me que a diretora de turma sabia que tinha sido o que chamou uma briga, que o meu filho é que começou e fiquei transtornada porque a senhora sabia que eu pensava ter sido uma inocente queda e nada me disse.
Ainda enviei email para a diretora do agrupamento e diretora de turma, mas não obtive mais respostas.
Então, como todas as vezes que estou em desespero ou triste, em vez de dormir durante a noite, decidi partilhar com quem me segue o que se passava. No espaço de horas fui contactada por todos os canais de televisão .
Senti-me sozinha. Desamparada. Sem uma escola por trás que me dissesse na pessoa da sua diretora por exemplo que poderíamos contar com eles, que se fosse preciso algo, que dissessemos, que mostrassem por mensagem, mail ou chamada SOLIDARIEDADE, das culpas e responsabilidades tratar-se-,ia depois. Primeiro a saúde do menino, o bem estar, depois a burocracia que um caso destes implica. Infelizmente não senti qualquer apoio por parte do agrupamento, pais dos agressores, professores etc. Fui contactada sim por outros professores daquela escola que se mostraram solidários, nenhum deles era professor do meu filho. Fui contactada sim por centenas ou talvez alguns milhares de pais e crianças a contar que já tinham passado por situações de violência na escola , e algumas dessas pessoas referiram-se ao agrupamento onde está o meu filho.
Espero ter respondido a toda a gente. A certa altura perdi-me de tantas mensagens que me chegavam mas disse sempre o mesmo. DENUNCIEM, EXPONHAM, FAÇAM QUEIXA.
E foi um pouco nesta linha de pensamento que me apanho a falar por mensagem com um jornalista que me segue no Instagram e provavelmente também sigo e me diz que o seu canal quer entrevistar-me. Foram 3 entrevistas a 3 canais numa manhã, numa correria do internamento de cirurgia pediátrica para a frente do hospital.
Não vi as entrevistas porque deram em direto. Não as procurei. Senti uma mágoa enorme porque todos os canais contactaram primeiro a escola para saber o contraditório, que é como quem diz o que diz a outra parte e , na primeira entrevista a escola dizia que era tudo falso, na segunda era o meu filho o agressor e na terceira iriam iniciar um processo de investigação para apurar responsabilidades.
"Tudo falso" .Mas o que é falso? Eu não estava internada com o meu filho em estado grave em Santa Maria?
"O meu filho era agressor" O meu filho podia até ser líder de um gang mas os factos diziam que todas as crianças estavam na sua normalidade, sem qualquer lesão e o meu filho estava a lutar pela vida vítima de algo passado dentro de uma sala de aula!
Aguardo então o tal apuramento de responsabilidades, até porque existem várias despesas inerentes e obviamente que terão de ser suportadas por alguém. Danos físicos, psicológicos, morais e financeiros.
Temos então a sorte ou o azar de ler em 3000 comentários um que nos acusa de querer mediatismo e estar a servir-me do meu filho para tal, que até sou blogger e dá-me jeito.
Sabem quantas marcas querem trabalhar com protagonistas de tragédias? Zero.
As marcas querem pessoas felizes e não dramas. Além disso, fui eu que usei as minhas redes sociais para relatar ao mundo e foi assim que jornalistas e canais de TV souberam , em algumas publicações estão excertos de textos meus portanto, gostem ou não , estão errados.
Há quem nos acuse também de expor esta situação. Que estamos a expor a criança.
Bem sei que as imagens do estado do Santi no hospital eram chocantes. Mas, a partir do momento em que me acontece algo que acontece em surdina a tanta gente eu decido falar bem alto para que todas as famílias faç o mesmo. Não há que haver vergonha no bullying, há que ter vergonha de ser agressor, há que ter vergonha de proteger quem agride, de tentar dizer que o desgraçado que esteve entre a vida e a morte é que foi o culpado. Porra, que tenho que explicar que o agressor é quem provoca a agressão, quem perpétua o acto violento e o agredido é quem é magoado física e mentalmente?
Está na hora de acabar o silêncio. Escreverei isto um milhão de vezes se necessário VIOLÊNCIA NA ESCOLA NÃO É NORMAL E TEM QUE SER DENUNCIADA. A QUEM? ÀS AUTORIDADES. Porque se denunciados à professora ou ao diretor o mais certo é que nada mude. Processo crime . CPCJ. Os agressores têm que ser sinalizados. Nos seus processos deve constar o comportamento e o resultado desse comportamento.
Eu lamento muito pelas crianças. Por todas.
Claro que todos queremos acreditar que os nossos filhos são bons e inocentes. Mas quando alguém vai parar a um hospital algo muito grave se passou e não pode haver impunidade por mais inimputável que seja o responsável. É vital uma responsabilização.
Estas crianças que agridem, que têm necessidade de fazer mal aos outros têm que saber que a maldade, a violência, a agressão pode ter consequências muito graves, não só para quem agridem como para eles.
Que a sociedade tem justiça, tribunais e estabelecimentos prisionais para pessoas que causaram agressões menos graves que as que o meu filho sofreu.
Há que educar e tentar reabilitar as crianças e os seus educadores que a protegerem de tudo e desculpando de tudo estarão apenas a instruir futuros marginais.