Não tenho memória de um ano tão marcado pelo crime da violência doméstica em Portugal.
Provavelmente sempre houve. Apenas deixou de ser tão calada, tão muda, e passou a ter contornos mais publicos.
Quando as próprias vitimas desenvolvem uma espécie de "sindrome de Estocolmo" e defendem os seus pares, desculpando-os pelas suas agressões, tendo em conta que grande parte dos seus agressores são maridos, companheiros, torna-se muito mais dificil convencê-las a mudar de vida, dar o passo definitivo para a libertação das torturas diárias que passam.
Há vinte anos ou mais atrás, na minha adolescencia, não me lembro de ouvir falar de agressões fisicas no namoro. Agora as noticias sobre tal são recorrentes.Os maus tratos começam já no namoro.
Um namoro, que muitas vezes antecede uma gravidez precoce, um assumir de relacionamento por causa de um filho ,quase que por obrigação por parte de dois adolescentes, e tudo começa "torto".
Apartir do primeiro levantar de mão, começa torto.
Pouco importam as razões que levam alguem a agredir.
Uma agressão fisica mostra sempre má formação, e pouco respeito pelo próximo.
Falta de capacidade de argumentação,
Estupidez. Burrice. Maldade.
Medo. Muito medo e inferioridade. Cobardia.
Homem que é homem não precisa de bater numa mulher para mostrar a sua virilidade ou macheza. Isso demonstra-se (admirem-se) com palavras, actos nobres. Nunca com violência nem coacção.
Tenho lido argumentações tão ignorantes como "são as mulheres que começam", e acerca de quem diz isso, alerto quem rodeia esses homens, que podem estar perto de possiveis predadores ou assassinos.
Reparem que a grande parte de testemunhas e amigos de vitimas e agressores /assassinos referem que nada os fazia pensar que tais pessoas agiriam dessa forma.
Não acredito em episódios ou surtos e alucinações. Ou de repente quase 40 homens em Portugal tinham sido mordidos por um insecto que lhes provocou uma reação alucinógenia que os obrigou a matar mulher e em alguns casos filhos por ciumes.
É certo que passamos uma fase politico-economica conturbada. Tenho dito várias vezes que Portugal é um país deprimido. Que os Portugueses se alimentam da desgraça alheia e vibram a cada tragédia, que é algo que não encontro em povo nenhum.
Há que mudar mentalidades. Aprender a cultivar o positivismo em cada um.
Mas, primeiro que tudo, existe uma questão que tem que ser resolvida a nivel parlamentar e politico.
Ainda que tenha a perfeita noção que cada preso nos custe a nós contribuintes mensalmente mais que um salario minimo, por mês, sendo por isso talvez a razão que ficam tão pouco tempo a cumprir as penas sentenciadas, não existe nada que tenha mais valor que a vida e a segurança que cada cidadão.
O Governo deveria ponderar um aumento nas penas de violencia doméstica, assassinato, e todas aquelas que atentam contra a integridade fisica humana.
Confunde-me muito que alguem que mate uma pessoa tenha exactamente a mesma pena que alguem que mate 10 pessoas, embora não tenhamos memória de assassinatos em serie neste país creio que certo tipo de situação deveria ser tida em conta.
E mais, na minha opinião , para penas de violência domestica que não sejam consideradas muito graves, o serviço comunitário, como a limpeza de ruas, de matas,apoio domiciliario a idosos, a bairros sociais, sejam os culpados licenciados ou não (porque estes senhores tambem cometem crimes e são na sua maioria protegidos e resguardados) seriam uma opção que os poderia reabilitar, pondo-os em contacto com a realidade que provavelmente nunca vivenciaram, quem sabe despertando-os para o Munco menos floreado e bastante real.
Este ano faleceram vitima de maridos, ex maridos, companheiros e pais, quase 40 mulheres.
É uma realidade assustadora.
O nosso país é pequeno, e tinha fama de ser brando e de bons costumes.
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