Já assumi publicamente que fui diagnosticada em 2018 com Transtorno Afetivo Bipolar tipo II. Ao contrário que possam pensar foi um alívio.
Só conhecendo o problema podemos equacionar uma solução e depressões recorrentes desde os meus 23 anos é sinónimo de muitos médicos especialistas.
E nunca me senti tão melhor como seria esperado, com a terapêutica.
Em 2017 falece o meu avô, e com ele foi toda a alegria. Em 2018 começam em vários momentos do meu dia, sempre que tinha uma contrariedade, uma vontade incrível de desaparecer para sempre. De querer desligar-me para não sentir mais sofrimento.
Essa vontade compulsiva, esses pensamentos obsessivos quando ao mínimo problema só vemos como solução a morte, são chamados de Ideiação suicida. E a ideiação suicida não mais é que um SINTOMA , um alerta e quando percebi isso, aprendi que não é uma vontade minha. Tento sempre " ver de fora" e assim tornou-se inacreditavelmente mais fácil de contornar a situação.
Desde o início com o estabilizador de humor, que sei que terei de tomar toda a vida, notei uma diferença tão grande que parecia que do dia para a noite tinha passado de criança para adulta.
Confesso que às vezes ainda me sinto triste, ansiosa, mesmo sem motivos novos, mas olhando para trás lamento muito não ter tido o diagnóstico mais cedo. Eu sofria horrores comigo. Não prejudicava os outros, fechava-me em mim, mas sofria de forma tão feroz e dolorosa que não conseguia ver razões para continuar.
O nosso cérebro tem a sua química, e nós somos seres marcados pelo nosso passado, e o nosso ADN são aspetos que quando em sintonia facilitam de forma orgânica perturbações do foro mental.
E se antes, éramos todos saudáveis e havia um ou outro " louco", agora, parece-me que os lúcidos são os que procuram ajuda e os
" loucos" os que se negam sofrer de qualquer patologia.
A verdade é que se tivermos em conta os últimos anos, é muito difícil encontrar alguém que não seja ansioso, ou que não sofra de insónia, stress.
E depois, existe um infinito número de doenças como o hipotiroidismo , a carência de algumas vitaminas que podem resultar numa depressão.
Não é vergonha tratar do " erro de Descartes"
( que achava que uma coisa era o corpo e outro a mente, o corpo inclui a mente, são intrínsecos e um depende do outro). Há que começar a admitir , nem que seja para connosco, que precisamos de ajuda.
E saber que vai correr tudo bem. Porque no fim, tudo acaba . E não vale a pena adiantar o processo.
1 comentários
Obrigada pela partiha! Um beijinho e força!
ResponderEliminarObrigada pelo teu comentário!