Lutas

A vida e a morte são para mim um mistério.

Ja lidei demasiado perto com a morte. De pessoas que amo, e , já a olhei nos olhos.
Está a fazer dois anos que tive uma septicémia, fui operada de urgência, devido a um cálculo renal, e não entendia porque me mantinham no hospital tantos dias.
O médico foi bruto. Hoje agradeço -lhe.
Achamos sempre que as coisas só acontecem aos outros . Que somos imortais. Até ouvir “ não lhe podemos dar alta porque você está a lutar pela vida , o seu corpo não reage a medicação “.
Naquela noite, chorei imenso. Tinha 39 anos e só me ocorria que tudo era uma injustiça. Que a minha vida não tinha propósito. Que os meus filhos iam crescer sem mãe, o mais velho , que é só meu, ia ficar sozinho. Roguei pragas à minha independência. 
A minha mania de não depender de ninguém, de ser a bengala de toda a gente.
E de, mesmo nestas alturas não querer que se aproximem porque não quero que sintam pena.
Pedi a uma amiga muito crente que orasse por mim. No dia seguinte melhorei. 
Nunca tive uma vida muito fácil. Mas gostava! 
Gostava especialmente de ser mais fria. Mais distante. Gostava que as pessoas que amo não sofressem.

Em menos de 6 meses perdi o meu avô paterno, uma das pessoas que mais AMO na vida ( vou amar sempre), e a minha avó materna, uma senhora amorosa.
A vida não vem com manual de instruções. Não é justa. E nós, humanos , tendemos a complicar tudo, enchemos o mundo de burocracias e complicómetros.

Coloco com alguma facilidade pessoas no meu coração. Bastantes. E tenho a sorte de conhecer pessoas a quem daria um rim ( o calcificado, o outro preciso para viver).
Mas, continuo sem saber lidar com diagnósticos difíceis.

Considero doar o meu corpo à ciência porque acho inconcebível doenças como cancros, alzheimer continuarem sem curas efetivas. 
Ninguem quer saber o que farão aos proprios corpos depois de morrerem. Não queremos pensar sequer nisso.
Eu não quero ir para debaixo da terra. A cremação tambem me assusta. 
Mas a doação do nosso corpo à ciência faz com que a nossa morte sirva para alguma coisa. 

Eu sei. Ninguém gosta de falar nestas coisas.
Todos nós vamos morrer um dia.
A diferença é que a alguns se consegue prever minimamente o prazo de validade, e a outros, não.
No fundo é apenas isso!!


É incrível, a quantidade de pessoas que, diariamente lutam pela vida. Tentam combater diferentes patologias.
Todas estas pessoas são vencedoras.
O estado de espírito é um dos fatores mais importantes. 

Eu não iria ser uma doente fácil. Sou demasiado negativa, vivi demasiados dramas familiares que  acabaram da pior forma. 

Tu, que me lês, se tens saúde, agradece. 
Tens algo que não se compra, e que é necessário para a concretização de todos os sonhos.


Se eu pudesse escrever livremente, sem ferir susceptibilidades, este post seria diferente.
No entanto, são histórias que não me pertencem, mas que moram dentro do meu coração.

Hoje vou desejar dois milagres, e acreditar. Vou agarrar-me a uma fé que não tenho, mas que vou aprender a ter. 
Certas lutas, não se fazem sozinhas.





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Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

1 comentários

  1. É muito triste e difícil lidar com a morte e com diagnósticos menos bons. Acho que ninguém está preparado. e por mais que morram pessoas da nossa família, nunca iremos estar prontos para a morte dessa mesma. É um assunto bem complicado e que poucos falam. Acho que fez muito bem em o expôs de forma tão crua aqui. beijinho

    Dezoito

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