Ansiedade

Desde muito pequena que recordo referirem-se a mim como uma criança ansiosa.
E sim, qualquer data marcada em agenda, seja com o tipo de compromisso que for, causa em mim um desconforto e uma situação da qual me tento abstrair e lidar de forma mais normal possível.
Uma simples ida ao médico, uma marcação com a contabilista, especialmente quando se trata de resolver burocracias, resulta num pânico pouco agradável.
Pode parecer uma patetice absurda, mas só quem passa por isto conhece o terror que a ansiedade é na vida de alguém e o medo incomum que provoca.
A ansiedade, assim como o medo intrínseco já me fez cair em depressão, pelo menos duas vezes. Uma aos 20 anos e outra após o nascimento do meu segundo filho.
Quando o meu avô faleceu há cerca de dois anos, quase enlouqueci. Pensei várias vezes em procurar ajuda psicológica para me ajudar a lidar com a perda. 
Mas, existem sempre outras prioridades, a minha avó, os miúdos, o trabalho, doenças que por defeito consideramos mais válidas para procurar um médico e, eis que chego a uma altura em que receei pelo que pudesse fazer. Sentia-me completamente desligada do Mundo, cansada de usar a máscara que todos os dias engana milhares de pessoas , fazendo crer que tudo está bem.
Quem nunca sentiu que apenas está vivo por causa dos filhos, para pagar contas, para cuidar dos seus, sem ter qualquer tipo de alegria?
Já passou um mês desde a minha primeira consulta de psiquiatria, aliás,  fui a duas consultas, e, apesar de existirem dias em que não me apetece ser social, asseguro-vos que me sinto muito melhor.
Não estou a tomar uma quantidade absurda de medicamentos e o único conselho que vos dou é que se se identificarem com o que escrevi, procurem ajuda. É possível diminuir essa dor invisível.
 Sei, por experiência própria que nem sempre os médicos de família valorizam as nossas queixas, encaminhando para a especialidade, mas coloquem como vossa prioridade a vossa saúde mental.
Não se auto-mediquem , e façam alguma coisa por vós.
Não é vergonha nenhuma ser seguido por um psiquiatra ou psicólogo. Não se sintam fracos nem piegas porque a vizinha do 2º direito diz ter curado a depressão com um chá e àgua alcalina e não resultou convosco.
Não são malucos/as por aceitarem ajuda médica especializada. A ansiedade e a depressão não são fraquezas, pelo contrário, é o corpo a queixar-se que aguentou demasiado, podem ser consequências das nossas vivências mas pode também ser apenas uma manifestação química do cérebro a acusar que algo vai mal. 



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Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

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