Bitter September

Um pouco à semelhança de Setembros passados, este mês ( que pessoalmente não é um mês pelo qual nutra grande simpatia) traz dias menores, subida de preços em bens e serviços ( que tem sido uma constante desde o início da pandemia, ao contrário de quem aponta a guerra na Ucrânia como  bode expiatório), uma compensação em forma de cheque do governo para enganar tolos e a partida da Rainha de Inglaterra.
E o Mundo chora esta rainha que faz notícia desde que me lembro de ser gente, passando agora as atenções para o seu filho Carlos e para a Rainha Consorte Camilla Parker Bowles.
É de Diana de Gales se revirar no túmulo, mas, são maiores e vacinados e acredito que tudo não é mais que fruto da eterna hipocrisia da coroa britânica, e da sua preocupação com o parecer mais do que do ser. 
Em Belém, Costa anuncia medidas que supostamente deveriam ajudar os portugueses, especialmente os pensionistas, que em Outubro levam mais meia pensão de ordenado, devendo esse montante ser suficiente para atenuar os aumentos de preço.
O mais interessante são os aumentos para os pensionistas, com uma percentagem de pouco mais de 4% , sem qualquer tipo de diferenciação ganhe o pensionista 300 ou 2500 euros. 
Independentemente dos descontos feitos, um pensionista de 300€ precisará muito mais de um aumento proporcional à sua pobreza que um que vive com 2500€ mês. 
É uma política pro classe média, quando pensamos que quem vive com 300 euros /mês dificilmente consegue fazer frente às suas despesas e tem que escolher quais os medicamentos de que mais precisa. 
Como já referi várias vezes, fui criada por avós maternos na altura das férias que passava na sua casa no Baleal, onde passei os melhores tempos da minha vida e em casa dos meus avós paternos que me acolheram em criança após o falecimento do meu pai.
Enquanto os meus avós paternos sempre trabalharam para o estado, o meu avô como chefe de secção de alguns ministérios por onde foi passando e a minha avó como telefonista, os meus avós maternos , analfabetos foram ensinados pelos dias de frio e humidade e pelo sol enquanto trabalhavam no campo, no mar, a dar serventia a pedreiro, a servir em casa das senhoras doutoras.  A minha avó sempre foi doente, diabética, cega de um dos olhos, mas era das pessoas mais alegres que conheci. O meu avô acabou a vida acamado por mais de oito anos após nem sei quantos AVC, era alcoólatra, mas daqueles inofensivos que só dizem e fazem disparates.
Muito trabalho. 
Quando dizem que cada um tem o que merece e que quem faz o bem colhe o bem, lembro- me sempre destes avós, que passaram fome, lembro -me de ser pequena e da minha mãe lhes ir levar azeite, ovos, leite , carne e deixar dinheiro porque não tinham o que comer. 
Eram pessoas queridas por toda a gente. 
Nunca foram compensados pelo trabalho escravo que faziam, pelas lágrimas derramadas, pelas pessoas que ajudaram, pelo amor que deram. 
A casa dos meus avós estava sempre aberta para quem precisava, lá se arranjava um prato de sopa, uma cama para quem não tinha onde ficar poder descansar. 
São os que menos podem ,os que mais ajudam. Porquê? Porque sabem o que custa. 
Como cantavam os Green Day, " wake me up when September ends".

Baleal

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Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

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