Dizem os poetas que há alguma beleza na dor. Que é no escrutínio da alma que conseguem descrever o que todos, de uma forma ou outra sentimos.
Eu não sinto prazer absolutamente nenhum na dor nem nos obstáculos da vida, alguns deles nem são obstáculos, são "fins de linha".
Acabou o livro.
Acabou a história.
E é nesses momentos que nos apercebemos que a história não foi tão negra assim.
É nesses momentos que percebemos que a forma como acaba não nos isenta de sentir saudades daquilo que nem nos lembravamos mais.
A minha mãe tem 62 anos .
Tem Alzheimer e demência.
Está aqui mas já não é a mesma.
Às vezes pergunto-me se aqui está mesmo.
Às vezes dou por mim a falar nela no passado. Como se o meu inconsciente já se tivesse familiarizado com a realidade.
Tenho saudades da minha mãe.
Apesar de termos tido um relacionamento mais de irmãs que de mãe e filha( e acreditem que a "mãe" me fez e faz muita falta), sinto saudades das gargalhadas, das conversas sérias, até das saídas noturnas que duravam até ao dia seguinte .Do " vamos fumar um cigarrinho" e do " tens chocolates?"
Peço que sofra o menos possível.
Este declínio é um rasgo na dignidade humana. Deixar de saber a sequência dos números, deixar se saber ver as horas, não reconhecer pessoas, não saber o que é um livro ou uma caneta.
Que a Nossa Senhora de Fátima que ela tanto era devota olhe por ela, agora que mais precisa...
2 comentários
Gosto tanto de te ler ♥ Um abraço apertado ♥
ResponderEliminarMinha querida
EliminarObrigada pelo teu comentário!