Bullying

O tema está quase gasto. Deu em todos os canais e foi notícia em todos os jornais, e mais se avizinham. O meu filho de doze anos foi magoado numa sala de aulas no período antes da professora entrar.
 Enquanto um o agarrava pelos braços, outro pregou-lhe uma rasteira, mandando-o ao chão onde lhe deram mais pancada. Não sei dizer se foram pontapés ou murros. Sei que lhe provocou uma doença rara, um Pneumomediastino, quando se leva uma pancada tal na zona torácica o ar dos pulmões vai para o mediastino, onde não deveria estar. Depois disso , sai em forma de enfisema subcutâneo e faz com que da zona do peito para cima surjam edemas . Edemas esses que só apareceram após uma crise de asma e dos corticoides e oxigénio com que foi tratado. É mesmo assim. É perigoso, 
Afinal a queda não magoou só o braço e deixou em dúvida dias, os médicos que constantemente me questionavam se tinha apenas caído com o braço porque a pancada teria sido no tórax, e todos os exames TAC, raio X etc apontavam para o Pneumomediastino, só se via ar.
O meu filho mentiu-me enquanto pode. Que tinha caído sob o braço. Até começar a ser apertado pela equipa médica e por mim. Lá acabou por dizer a verdade. Mentiu com medo de represálias e para proteger o agressor. 
Estivemos uma semana a morar no hospital. Estive uma semana a dormir numa cadeira. 
Ainda não entendi a postura ou falta dela , da escola que apenas fala com os meios de comunicação social e a cada um dá uma versão, e a mim não me responde. 
Não será bom que eu ou o pai do meu filho visitemos a escola brevemente. Apesar de estarmos a tentar ser racionais, versões dadas pela escola como que o culpado foi o meu filho ou que ele caiu porque o colega o rasteou para se defender são de ofender a inteligência a qualquer mãe que tenha passado o que eu passei. O meu filho esteve entre a vida e a morte, e se não fosse uma equipa fantástica nas urgências pediátricas e SO do hospital de santa Maria, tenho a certeza que já cá não estava. E aí sim. Tinha perdido o amor a tudo e tinha feito algum disparate.
O grande culpado? O ministério da educação que perante isto , ouvindo apenas uma das partes alega parecer não ter havido qualquer agressão. 
O agrupamento de escolas Madeira Torres , neste caso a escola Padre Francisco Soares tem sérios problemas, pela quantidade de mensagens que tenho recebido. Mas não é o único. Recebo diariamente centenas de mensagens de mães, pais, e crianças , a contar os seus casos ou a agradecer a minha postura porque graças a mim ganharam coragem para dar a cara e contar aos pais ou fazer queixas. Auguro para o ministério da educação um ano muito complicado . Não vai haver mais bullying, vão haver mais denúncias. 
O meu trabalho, enquanto mãe de dois meninos , neste momento, para além de ser tratar deles é gritar o mais alto possível para que o ministério aja, que pare de mandar para debaixo do tapete e fingir que não existe. 
Não gosto do termo bullying.
Acho um estrangeirismo desajustado. 
Existem as agressões verbais e as agressões físicas. E as agressões físicas podem matar. As agressões verbais também. Li há pouco num perfil , sobre crianças que se suicidaram vítimas de depressão causada por falta de autoestima derivado  a bullying. 
Esta luta tem que ganhar força. Temos todos que falar nisto cada vez mais. Este assunto não pode morrer, porque um dia, o silêncio matará um dos nossos. 
Não me imagino responsável por turmas ou escolas e ficar impávida e serena perante uma situação destas. 
Continuo a achar que para trabalhar com crianças é preciso entende-las, sentir empatia, ter capacidade para as defender e GOSTAR DE CRIANÇAS. 
Sim, dei imensas entrevistas e acusam-me de querer protagonismo .
 Protagonismo tenho eu há anos em blogs e várias redes sociais. A única coisa que fiz foi aproveitar esse alcance de público para falar nesta situação. Porque mais que falar em marcas, lojas e empresas o meu público merece a verdade, merece que partilhe não só o bom mas o menos bom.  Porque não é só o meu filho. Mas ele pode representar muitos meninos. 
Vou continuar a falar como mãe, contra a violência nas escolas, a dor na alma de crianças que deviam apenas ser felizes. É desumano que uma criança da idade do meu filho me diga que tem medo de morrer por causa do que lhe infligiram. 
E sim, tive quem viesse ter comigo ou mandasse mensagem a dizer que fazia e acontecia, que ia à escola pedir contas mas não é com violência que chegamos lá. Se dá vontade de dar um par de estalos a algumas pessoas? Dá, mas é o instinto primário. Depois passa e queremos apenas assegurar-nos que o nosso filho não volta a sentir esse medo. Nem a sentir exclusão, gozo, sem que alguém o defenda. 
Nós, os pais, não vamos parar até que se faça justiça. Eu, a mãe ,não vou largar tudo o que se passa em Portugal dentro do tema de violência nas escolas. As escolas deveriam ser o segundo sítio mais seguro para os nossos filhos e não um sítio cego e mudo onde tudo pode acontecer. 

Luís santiago


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Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

1 comentários

  1. Sinto me envergonhada... detesto sentir vergonha alheia, mas o que aconteceu ao menino aconteceu-me em tempos a mim. Sou claustrofobia, uma vez fui trancada num casa de banho sem janelas, as escuras ate desmaiar de tanto gritar num balneário. Naquele tempo n havia o termo bullying. Nunca me queixei talvez por vergonha. Mas superei. O seu filho tambem vai superar. A sociedade de hoje em dia é uma m@^^# para os adultos, para uma criança muito pior é. Desejo que ele ultrapasse. Que n sinta vergonha daquilo que é mas sim orgulho. Um dia ele vai olhar para o agressor e ver que a sua vida é muito melhor que a dele, porque ele nunca precisou de inferiorizar alguem para ser quem é. Um beijo

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