Lost in Wild Wild West

Combinas com uma amiga de infância que não vês há vinte anos uma visita.
Foi mãe ha pouco tempo e mora numa aldeia perto da cidade.
"- Sabes onde é?- pergunta
- Então não sei? Conheço tanta cidade de olhos fechados e achas mesmo que me precisas de dar indicações sobre uma urbanização numa aldeia aqui ao pé? Please... "
5 minutos depois chego. Ao destino errado.
Ok. Gps  .
Ok. Não é isto.
1 hora depois ainda estou às voltas... já percorri numa aldeia 5 urbanizações gigantes, não sei quantas zonas industriais e temo que se o Mayor de Nova Iorque se apercebe que existe uma aldeola com esta dimensão fica indignado por Torres Vedras ainda não ter Metro.
Last try... vamos lá.
Merda!Merda!Merda! Estou em contramão! Ahhhh que caminho tão escuro. Paro. Tento fazer marcha atras. Ouço um barulho horrivel e sinto o carro ... sinto-nos afundar  do lado esquerdo.
"Já está! Estou fod#$@"
Tremo como varas verdes. Procuro o numero para ligar à assistencia em viagem. Peço reboque . Digo que tive um acidente mas não tenho luz nenhuma , não consigo dar o numero da apolice.
"Então assim não mandamos reboque"
Respiro fundo. Conto até dez para não mandar o homem para a reboqueira que o pariu... tento ver os mas o sistema nervoso tornou -me vitima de cegueira noturna. Lá consigo dizer...
Desligo a chamada. Chove, está uma escuridão imensa , não conheço a estrada, estou perdida, tento sair do carro mas está numa valeta, se der um passo em falso caio num rio que ali passa. Lindo!!! Hoje é o meu dia!
Vou ao porta-luvas ao maço de tabaco SOS.
Decido sair do carro. Colete e triangulo!!! Isto se o porta bagagens abrisse. E agora voltar a entrar? As outras portas não abrem e estou à chuva.
Ganho coragem. Entro.
Liga-me o taxista que a seguradora contactou a perguntar a que horas quero que me vá buscar e a contar a vida dele.
Liga-me o Sr do Reboque que não sabe onde estou.
Volta o silencio.
Passa meia hora.
Ligo ao Afonso! O meu padrasto. O unico homem que me salva das aflições .
Desde que vivo sózinha , mesmo quando tinha algum namorado, e se partia alguma coisa, ou era preciso ajuda não havia ninguem melhor.
Um dia dei com uma osga no meu teto.
Aquela réplica de crocodilo não sobreviveu às vassouradas vigorosas do Afonso.
Como sempre que é ( extremamente) preciso , disse que iria.
Mais tempo sózinha.
Facebook. Amigos online.
Preciso de consolo virtual já que nem o Super Homem encontrava o caminho para aqui!
O costume. Fazem piadas, oferecem socorro os que estào perto e apimentam a cena os mais "espirituosos".
Isto precisa é de um cigarro... nervos... muitos nervos. E o cabelo de uma Rock Star dos anos 80.
Chega a mãe e o Afonso. Ainda só se tinham perdido 70 vezes e informam-me que estou perdida numa estrada secundaria de quem vai para Leiria. É bom saber.
Chega o Sr do Reboque . Ia jurar que já tinha visto aquela cara num anuncio de Perfumes ... ( a sério!!! não é normal!!!)
Afonso e Sr Reboques analisam a situação. Dizem que o carro está otimo e só tem que ser desempanado.
A mãe diz durante o processo 500 vezes
" então e agora vais pagar ao homem?"
Ao que eu respondo: " Não mãe, é a companhia de seguros que paga"
Ao que o Sr responde: "Não se preocupe,eles tratam de tudo"
O Afonso olha de lado.
Eu com frio. Encharcada. A mãe queixa-se que não viu o "The Voice". O Sr do Reboque , agil e competente sorri. O Afonso esta concentrado no carro( haja alguem!!).
"- Ó Marta , então e agora para pagares ao Sr... como é que fazes?"

...
Felizmente o carro andou. Leal como sempre tem sido.
O telefone tocou 10 vezes, vejo o Reboque parado à frente e o Sr com uma peça ( que não sei o nome) do meu carro a acenar. Abre a porta e com o seu enorme sorriso entrega-ma.
"- Já lhe liguei tantas vezes... "
Finalmente e debaixo de chuva forte e das estradas nacionais sem iluminação vamos para casa depois de nos perdermos mais 50 vezes.
Não dormi nada. Assustada.
Estou cansada. E agradecida pelo facto de ter sido apenas um susto.
Terra maldita. Não volto lá!