Mãe de dois

Fui mãe em 2003 e em 2009. Tanto num como no outro parto só me deu o pânico na altura em que a enfermeira nos leva a porcaria dos clisteres em pomada para irmos à casa de banho fazer. 
Não consigo romantizar o parto. 
Optei por não ter os meus filhos em Torres Vedras por más experiências na já extinta unidade de obstetrícia, e tive o mais velho no Hospital de Santa Maria ( foi a experiência mais assustadora do mundo) e o pequenito ( era mesmo pequeno, passei a gravidez internada que o miúdo não aumentava de penso nem por nada) foi na Maternidade Alfredo da Costa. 
Odiei ter em Santa Maria, cheguei a temer pela minha vida e pelo meu filho, apesar de ter levado epidural ( abençoada), porque os senhores drs e enfermeiros insistiam num discurso de " preguiçosa" " não faz força porque não quer" e eu ali a expulsar quase os intestinos até se aperceberem que eu já não estava bem, que o ritmo cardíaco estava " inexplicavelmente alterado" e os sinais vitais do bebê escasseavam. Tive 4 horas de período expulsivo , ouvi muitas vezes " ah mas para o fazeres não te queixavas* e honestamente senti-me num talho.


Fui horrivelmente maltratada no serviço de partos e magnificamente bem tratada no serviço pós parto, pelas enfermeiras que foram anjos que ali andavam, e quando viam a minha vagina chamavam as outras para chocadas comentar as atrocidades e quantidade de pontos que tinha levado. Quando passou o efeito da epidural fiquei sem me sentar duas semanas. 
O Santiago, este boneco da fotografia nasceu com pouco mais de um kg, depois de meses de internamento. 
Como sou uma sortuda do caraças na altura da epidural, em que eu chorava baba e ranho de dores e uma enfermeira me abraçava o petiz decide nascer e foi um instante. Passadas horas não haviam dores, sentava-me, andei kms porque foi para uma incubadora na outra ponta do hospital mas isso é outra conversa.

Hoje em dia, quando ouço falar de planos de parto sinto que FINALMENTE a humanização que se falava na altura em que fui mãe, deixou de ser apenas uma palavra para que as mães pudessem também elas ter uma palavra ou todas a dizer no nascimento dos seus filhos. 
Como vos disse no primeiro parto sinto que sofri MESMO maus tratos. Eu sei que existem várias equipas e que os médicos não são todos iguais e que não é isso que faz de Santa Maria um mau hospital porque não é. Já nem me lembro quantas vezes me salvaram a vida em cirurgias de emergência etc. 
A verdade é que mesmo com a dor muito pouco agradável que senti quando tive o Santi recordo como um momento magnífico. Houve dor sim, física. Mas foi atenuada pela forma como todos aqueles profissionais me trataram não só no parto como em todos os meses que fiquei internada. Tratavam-nos não como pacientes ou parturientes ,mas como se fôssemos filhas, irmãs, pessoas. Seres humanos merecedores de carinho e atenção. De compreensão. 

Exijam ser bem tratadas. É vosso direito. E acreditem que funciona como calmante, anti stress, auto confiança.
O meu primeiro filho nasceu cheio de feridas na cabeça. Os lençóis do berço dele da maternidade estavam cheios de manchas de sangue. Foram fórceps, ventosas. E como não bastava ainda se esqueceram da placenta lá dentro e só foi tirada uma hora depois.

Informem-se de tudo. 
Não se esqueçam que os partos correm na sua esmagadora maioria bem, ou por outra, têm um bom desfecho. Mas exijam ser tratadas como gente. 
Ai se eu pudesse voltar aos meus 25 anos , mandava um pontapé ao medo que sentia e tinha outra postura. 
Mas não posso. Por isso, um parto deveria ser uma experiência muito especial e não traumática. Felizmente, penso que as enfermeiras da velha Guarda já se reformaram todas , e que podemos respirar fundo. 

Se quiserem podem partilhar as vossas experiências ou receios. 
Beijinhos
Marta

Maternidade


Partilha isto:

Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

0 comentários

Obrigada pelo teu comentário!