Corpo Perfeito

Sou mulher, no entanto incomoda-me este preconceito que há contra os homens e com o seu culto do corpo.
Anabolizantes, muito ginásio, lipos, dietas, competições.

Nós, mulheres, devíamos ser as primeiras a entender esta obsessão pela imagem perfeita porque desde sempre nos foi exigida a perfeição.

Não podemos ter pelos, nem rugas, nem 1 kg a mais, nem cabelo seco ou oleoso, não podemos sequer transpirar, a cintura deve ser fina, assim como os traços no rosto
temos que ser magras
temos que ser magras
temos que ser magras. 
Independentemente de termos acabado de ser mães, de sofrermos de alguma patologia que impede andar a correr ou a caminhar.
 Porque se isso acontecer temos que deixar de comer ou fazer uma reeducação alimentar (como se fosse a coisa mais fácil do mundo), e em último caso por uma banda gástrica ( como se também não houvesse risco  nesta intervenção ou a andassem a fazer a toda a gente ).

Muitos de nós, tantos, não tiveram o amor que damos agora aos nossos filhos.
Talvez os pais antes fossem mais desligados, menos carinhosos, deram aquilo que recebiam.
Na educação era mais propicia a crítica que o elogio. O estalo, o cinto, a indiferença que o castigo.

Se era melhor ou pior não sei.
 Sei que eu  era uma miúda magra, gira, e cresci a achar-me gorda e feia porque, Imaginem tive uma mãe que me dizia várias vezes que era uma pena eu não ser bonita como ela. Desde criança.

Não me lembro de, na minha infância ter ouvido alguém dizer que me amava. E não estou a vitimizar-me. Sei que é a história de muitos de nós.
Era o desenrasca. Aos 6 anos já andava na rua sozinha quer fosse para fazer recados ou quando saia da escola e tinha que fazer kms para ir ter com os meus pais ao trabalho que ficava longe da escola...

Imaginem agora se algum de nós deixa sozinho um filho de 6 anos fazer esse percurso.

CPCJ?

Não me lembro dos meus pais irem sequer a uma reunião da escola.
 E já vi professores dos meus filhos acionarem a segurança social quando os pais de algum colega deles falta a mais de uma reunião. Dizem que é negligência .
 Mesmo que os desgraçados não possam faltar ao emprego.

Passamos a vida a ter que provar que somos bons, que temos valor e valores e merecemos e... com isto não há espaço para aprender a amarmos a nós próprios.
Cria-se facilmente uma obsessão pelo corpo, já que não se pode mudar a mente ou a forma que fomos " construídos".
A sensação de fracasso toma conta de nós. Porque vemos em todo lado vidas perfeitas, pessoas  com grandes casas, carros  e  corpos maravilhosos que parecem saídos de revistas.

A que preço?
Tantas vezes são essas pessoas que sofrem ainda mais de insegurança, de falta de amor, atenção e conseguem financeiramente tentar compensar as suas faltas com aquilo que o dinheiro consegue comprar...
Se estas bem e és feliz, consegues sê-lo magro, gordo, coxo, feio ou horrível.

Mas, por vezes é o espelho da alma que se mostra vazio. 
Vazio de afetos. Cheio de dúvidas e mágoas e sentimento de culpa e  aquela pergunta que mata "se dou tanto a tanta gente, se não magoo ninguém, porque me sinto sempre tão sozinho? Porque é que quem mais me devia ter amado não amou?"

Estas questões não passam quando crescemos.
Uma infância sem amor gera um adulto com fragilidades emocionais e isso vai repercutir-se toda a vida.

Antes de julgar quem quer que seja... Tenham em conta que só os outros sabem aquilo por que passaram. Não acusem de fútil ou inútil, ou vítima. Não é drama se não conheces a realidade da pessoa. Se não viveste o que viveu.





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Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

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