Mortas

Diz - se que em 20 anos, nada mudou. Por mais “girl power”, empoderamento feminino, proteção à vítima, apelos à denuncia de maus tratos se façam, continuam a morrer mulheres ano após ano, no nosso país. 

Vítimas dos companheiros, dos pais, dos filhos. Estamos em Fevereiro, e são já 11 o número de mulheres vítimas do femicídio.
Continuamos a ser vistas como o género submisso. Como propriedade. Como seres sem vontade. Como animais  que se abatem quando demonstram vontade própria ou se tornam desobedientes.
Continuamos a ter cargos superiores em que por sermos mulheres ganhamos menos que os homens.
 Porque engravidamos, porque somos vistas como fracas, porque faltamos se os filhos
( que não fizemos sozinhas) adoecem ou se temos que dar apoio a alguém da família. 
Porque a sociedade estipulou que a mulher é quem cuida, a mulher é que é responsável pelo bem estar dos seus, a mulher é que cozinha, é que limpa, é que tem que ser fiel. 
Ao homem basta- lhe existir, e no máximo ter um trabalho.
 A mulher acumula uma lista de funções para a qual o homem jamais estará preparado. Como parir
E no entanto, é tratada com inferioridade. 
Esta sociedade doente, antiquada faz dos homens uns inúteis
O machismo não enaltece homem algum.
 Aponta as mulheres como incapazes, no entanto exige das mesmas que façam o seu trabalho e o que supostamente seria do homem.
Quem é o fraco, afinal?
11 mulheres mortas.



5 de janeiro 
Lúcia Rodrigues, de 48 anos, é morta a tiro pelo marido, na sua casa, em Lagoa, no Algarve. O homicida suicidou-se.
7 de janeiro 
Uma mulher de 46 anos foi espancada até à morte pelo cunhado, na ilha Terceira, Açores. Em causa uma disputa sobre uma casa que pertencia à mãe do homicida.
11 de janeiro
Duas irmãs, de 80 e 83 anos, foram mortas a tiro, em Alandroal (Évora). Foram assassinadas na sua própria casa. O autor dos crimes - o marido de uma das mulheres - tentou suicidar-se. Encontrado com vida, acabou por morrer no hospital.

11 de janeiro
Vera Silva foi morta em casa, em Almada. Foi espancada pelo ex-companheiro e o seu corpo ficou  irreconhecível.
17 de janeiro
Fernanda, de 71 anos, foi morta a tiro de caçadeira pelo marido. O homicídio aconteceu na casa do casal, onde viviam há 40 anos

27 de janeiro
Uma mulher de 48 anos foi espancada e degolada e depois abandonada na sua habitação. O crime aconteceu em Santarém.
31 de janeiro
Uma mulher de 25 anos foi morta à facada pelo namorado, bombeiro de profissão. Foi em Moimenta da Beira. Quem encontrou o corpo foi o filho da vítima, uma criança de apenas cinco anos.

4 de fevereiro
Helena Cabrita, de 60 anos, foi morta pelo ex-genro, Pedro Henriques, em sua casa. Foi esfaqueada. No mesmo dia, o homicida matou a filha, de dois anos, por asfixia, na via pública. O assassino cometeu suicídio.

17 de fevereiro
Uma mulher de 53 anos, da Chamusca (Santarém) foi morta com dois tiros de caçadeira pelo ex-companheiro, de 62 anos. O crime aconteceu na Golegã. O suspeito disparou ainda sobre um homem que acompanhava a mulher naquele momento.




A questão é “O que fazer em caso de maus tratos?”. Os casos revelam que denunciar, queixar não resolve nada. 
Que em caso de ameaças o que é dito às vitimas é que devem sair de casa. Ainda que a “casa” lhes pertença. As associações de proteção ou a segurança social providencia- lhes abrigo, onde os supostos agressores não tenham acesso.
Mas aqui não há proteção à vítima.
Aqui protege- se o ofensor, que não se sujeita a largar toda a sua vida e bens, a perder o emprego. 
Aqui, diz- se que só após a ocorrência, a polícia pode agir. Exige- se a perpetuação de um crime para que se tomem medidas. 
As ameaças não chegam, as agressões não são suficientes, nem as estatísticas porque
“ ninguém o imagina a fazer uma coisa dessas”.
Quantos casos já vimos, que após o homicídio se entrevistam vizinhos e todos dizem o mesmo “ não imaginava que ele fosse capaz, parecia tão boa pessoa”.
É IMPERATIVO que se comece a dar importância às queixas. Aos casos assinalados. 
Conheço quem tenha ligado para a polícia a meio de uma situação de maus tratos e esta lhe tenha dito “ ligue quarta feira que o agente que trata desses assuntos não está cá hoje”.
Quantas mais mulheres e crianças terão de morrer?
Age. Denuncia. Não só à polícia mas a TODA A GENTE. Grava. Que não restem dúvidas a ninguém. Não sejas parte da estatística.
 Fonte DN

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Sobre a autora:

Chamo-me Marta, e sou apaixonada pela escrita e pelo mundo da beleza. Em 2013 , após um curso de maquilhagem profissional decidi juntar os meus dois amores, criando este blogue. Gosto de escrever despudoradamente sobre tudo. Maquilhagem, cuidados com a pele, estética, cirurgia plástica e saúde no geral, assim como partilho aqui algumas das minhas crónicas em que abordo tudo o que é possível e imaginário. Venham daí, conhecer o meu Mundo!

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